quinta-feira, 31 de março de 2011

Índices de liquidez. Análise horizontal, análise vertical. Liquidez "seca", "corrente", "geral"

    
    Dentro da empresa, mantenha uma “porta aberta” para receber ideias e sugestões. Os funcionários, desde um gerente a um braçal, têm ideias que podem ser úteis para aperfeiçoar produção e administração. Premie-os nas ideias aproveitadas e você verá uma empresa engajada na busca do custo mínimo e da produção máxima.

     Ao ter em mãos o balanço ou balancete da sua empresa, ou dos seus concorrentes, é possível fazer uma série de análises das contas e avaliar sua performance e seu estágio patrimonial.. Nos valores registrados no Ativo, Passivo, e no Demonstrativo de Resultado do Exercício, há uma série de Índices que permitirão abalizar-se sobre a real saúde econômica e financeira. Ressalte-se, também, que os contadores, auditores, economistas, analistas financeiros, etc, utilizam esses Índices, entre outros, como uma lente para prospectar e realizar negócios. Esses índices permitem medir e quantificar a solvência, a lucratividade, o crescimento, enfim, saber como anda a solidez dos negócios. É comum empresas tentarem realizar grandes negócios com pequeno capital, e ainda há outras que praticam o overtrade (negócios superiores aos seus recursos financeiros).
     Alguns desses importantes Índices:

    Nota do autor:. Para cálculo dos "Índices de Liquidez” utilizado a estrutura das Demonstrações Contábeis de acordo com as leis 6404/76, e alterações conf.  Leis 11638/2007 e 11941/2009.

     A – Índices para avaliar o “fluxo de caixa”:

     Obs: Na apuração desses Índices, para cada R$ 1,00 de dívida com terceiros sabe-se quanto a empresa tem para saldar essa dívida. Se o resultado for acima de R$ 1,00, significa que ela tem “folga de caixa”.

     1.Liquidez Geral 
     Esse índice mostra se a empresa tem potencial para honrar os seus compromissos em curto e longo prazo. 
     Fórmula:



      LG = (Ativo Circulante + Ativo Circulante de Longo Prazo)
              (Passivo Circulante + Passivo Circulante de Longo Prazo)






     2.Liquidez Corrente 
     Esse índice mostra a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo.
     Fórmula:

     LC = Ativo Circulante
             Passivo Circulante



     3.Liquidez Seca 
     A liquidez “seca” tem por objetivo refletir a capacidade de pagamento da empresa no curtíssimo prazo, quase imediato, inclusive sem levar em conta os estoques, que são considerados de menor liquidez.
     Fórmula:

 LS = (Ativo Circulante – Estoques)
            Passivo Circulante






     4.Liquidez Imediata 
     Na liquidez imediata elimina-se o esforço de realização do Contas a Receber para honrar as obrigações. Com a expansão da oferta de Crédito esse índice passou a ter baixa relevância. Logo, as Disponibilidades seriam a soma do Caixa, Bancos e outras Disponibilidades Financeiras.
    Fórmula:      

  LI =  Disponibilidades
         Passivo Circulante

     



  
  5.Endividamento Geral 
    Mede o montante da dívida em relação ao patrimônio líquido da empresa (Quanto menor, melhor).
     Fórmula:  

    EG = Passivo Circulante
                  Ativo Total






  6.Prazo médio de Recebimento do Contas a Receber (saldos de Balanço ou Balancete)
    Esse índice indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá aguardar para, em média, receber suas duplicatas (ou cartões de crédito). Obs. As vendas médias são calculadas pela divisão das vendas pelo período a ser analisado (12 meses, 360 ano civil, ou 365 ano comercial).
     Fórmula:

 PMDR = Duplicatas a Receber x 360
                         Vendas Brutas






  7.Prazo médio de Contas a Pagar
     Esse índice tem o mesmo formato do item 6, com a ressalva que nos dá o tempo médio para as duplicatas a pagar.
     Fórmula:

 PMCP = Fornecedores x 360
                   Compras







  8.Necessidade de Capital de Giro 
     A necessidade de capital de giro dá-se em função do ciclo de Caixa da empresa. Quando o ciclo de Caixa é longo, a necessidade de capital de giro é maior e vice-versa.
     Fórmula:

  CG = Contas a Receber + Estoques – Contas a pagar


 


  
  B – Margem Operacional e Rentabilidade (%) e Lucro por “dentro”

  1.Margem Operacional Bruta de um produto
  A margem operacional serve para medir a eficiência das operações da empresa. Essa margem mede a porcentagem de lucro obtido em cada R$ 1,00 de venda de um produto ou serviço, ou de todos os produtos ou serviços num período. A diferença entre Venda e Compra é que compõe o Lucro Bruto (lucro antes das despesas, do imposto de renda IRPJ e da contribuição social sobre o lucro-CSSL). Obs. Se o resultado for negativo implica dizer que houve prejuízo.
 1.1.  Fórmula para um produto:
                                           

 MBp= (Preço de Venda - Preço de Custo)
                   Preço de Venda * 100%




   *Preços excluídos impostos diretos

    1.2.Fórmula para a venda total da empresa

 MBt= (Vendas Totais – Compras Totais)
                  Vendas Totais * 100%






  
  Obs: *Caso queira detalhar os Índices, pode-se calcular a Análise Horizontal e Vertical (por conta contábil - Caixa, Duplicatas a Receber, Fornecedores, Capital, etc), avaliando a evolução patrimonial (Balanço) de um ano ou trimestre em relação ao anterior. Pode-se, ainda, analisar por Grupo, Sub-Grupo e os totais do Ativo e Passivo, também em relação ao período anterior (Análise horizontal Absoluta)
              *Mais detalhamento (refinamento) dos Índices pode ser obtido utilizando-se os métodos Dupont e Kanitz.

  3.Lucro “por dentro” (ou “Mark-up”)
      Fórmula:


    Pv =     Preço de Custo
               100% - Margem

    Margem= % de Lucro desejado



   Exemplo: Um produto adquirido por R$ 1.234,56, por quanto deverá ser vendido para propiciar um lucro de 22,50% sobre o preço de venda?

   Pv =        1.234,56____      =    1.592,98
               (100% - 22,50%)

   Confirmando o cálculo:
               1.592,98 x 22,50%  =    358,42
               1.592,98 – 358,42   = 1.234,56

  3.1.Preço de Venda “Lucro Zero”
   Detalhando um pouco mais o item 3, temos a possibilidade de calcular um preço tal, que, após pagos os impostos diretos (e não cumulativos) ICMS, Pis, e Cofins, obtemos um valor que é igual ao preço de custo original. Ou seja, será um preço que podemos vender o produto, pagar os impostos e não termos lucro nem prejuízo.
   Fórmula:


    Pvlz =     Preço de Custo
               100% - Impostos

   Impostos = % total da soma dos impostos incidentes na venda



  Exemplo:
  - Produto adquirido de uma empresa no estado de Pernambuco, por outra empresa no estado de São Paulo, por R$ 1.450,00 a caixa.
  -Situação tributária:
  -Icms de Entrada(Compra): 7%; Pis 1,65%; Cofins 7,60%   = 16,25% 
  -Icms de Saída (Venda): 25%; Pis 1,65%, Cofins 7,60%      = 34,25%

Situação
  Valor
  Icms 7%
  Pis 1,65%
Cofins 7,6%
 Custo Líquido
Compra
    1.450,00
     101,50
      23,93
     110,20
       1.214,37

    Pvlz =      1.214,37     __       =     1.214,37
                    (100% - 34,25% )             65,75%

    Pvlz = 1.846,95

   Obs. A partir do momento que se obtém o Pvlz, é só adicionar a margem de lucro desejada (no caso aos 34,25%) para ter-se o preço final de venda - Pv.

   Ex. Margem de lucro desejada de 19%
         => 34,25 + 19% = 53,25%

   Pv    =  __ 1.214,27             =      1.214,37
                (100% - 53,25)                   46,75%

   Pv   = 2.597,58


        Decompondo Pv sob o aspecto contábil para confirmar o cálculo:
     Pv
Lucro 19%
  Icms 25%
  Pis 1,65%
Cofins 7,6%
 Venda Líquida
  2.597,58
    493,54
    649,40
      42,86
        197,41
       1.214,37


        Decompondo Pv sob o aspecto financeiro:

Operação:
 Valor R$
  Icms 25%
  Pis 1,65%
Cofins 7,6%
 Total dos Impostos
            R$
 Venda.....
 Custo......
    2.597,58       
    1.450,00
    649,40
  (101,50)
      42,86
     (23,93)
        197,41
       (110,20)
               889,67
             ( 235,63)

Imposto
Recolhidos

               654,04

   Resumo: Entrou em “caixa” pelas vendas R$ 2.597,58, saiu R$ 1.450,00 para pagar a compra, e saiu R$ 654,04 de impostos. Sobrou R$ 493,54, que corresponde a 19% sobre o preço de Venda.

      Inácio Dantas

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segunda-feira, 28 de março de 2011

Redução de Custos e Despesas – Alguns exemplos factíveis


    Num setor produtivo, documente o fluxo da sua produção. Registre cada etapa (executores, tempo trabalhado, insumos, despesas, etc). Ao final de um período faça um inventário por peça. De repente o lucro de uma está cobrindo o prejuízo de outra e você desconhecia...

     Como você bem sabe, o aumento dos lucros de qualquer atividade corporativa advém das seguintes vertentes: aumento do faturamento, redução de custos/despesas ou da combinação de ambas.
     Há, inegavelmente, alguns desafios a transpor para alcançar esse fim.
     Por um lado, o aumento do faturamento depende da receptividade do produto no mercado, do seu poder de criar necessidade de consumo, do poder aquisitivo dos consumidores e da sua propensão marginal a consumir (cYd = Renda (-) Impostos – Teoria Keynesiana). Depende, também, da situação da economia no momento, da concorrência, da oferta da matéria-prima que fabricará o produto, da qualidade da mão de obra e, sobretudo, da qualidade final do produto. Satisfeitas essas condições, pode, ainda, apesar de toda propaganda e marketing no sentido de gerar vendas, ocorrer um declínio na demanda e com ele uma estabilização ou decréscimo do faturamento. Neste momento, imediatas ações do líder devem ser tomadas. Se por um lado as vendas não crescem, por outro a atenção passa a ser direcionada às despesas afim de não comprometer o caixa e o lucro da empresa. É quando, por conseguinte, deve-se debruçar sobre as Planilhas de custos e o balancete das Despesas e iniciar-se uma análise criteriosa.

     Análise das despesas. Dentro do grupo Custos e Despesas há as Fixas e as Variáveis. Como você bem sabe, a tarefa mais trabalhosa é gerenciar as Variáveis, pois independem da pronta ação gerencial. É fato que, quando cresce o volume de produção e vendas, esses custos e despesas vêm a reboque e tendem a crescer também. O ideal, sempre, é que cresçam a taxas menores que o crescimento das vendas.
      Se, por um lado, as Variáveis podem demandar um tempo maior para reduzi-las, por outro lado, na cláusula Custos e Despesas Fixas há várias contas contábeis possíveis de serem renegociadas, reduzidas ou até eliminadas no curto-prazo. Por exemplo, as contas Alugueres, Contratos de Manutenção, Seguros, etc. O trabalho de redução dessas contas é possível e a tarefa relativamente fácil, uma vez que dependem unicamente da ação gerencial.
     Dentro da cada atividade econômica há gargalos nessas despesas que acabam correndo soltas, asfixiando o lucro final. Há, portanto, diversas alternativas possíveis para fechar esses gargalos e melhorar em muito o lucro e, com ele, as disponibilidades ativas. Algumas ações podem ser implementadas de imediato. Como por exemplo:

     1.Consumo de Água/Esgoto
      Se houver consumo excessivo, desproporcional às atividades, verificar se há desperdícios ou vazamentos. Se o alto consumo for em decorrência do uso normal, estude a viabilidade da reciclagem, captação de água das chuvas, utilização de água de reuso ou mesmo instalar poço artesiano. Observe que as contas são de Água e Esgoto, e ao reduzir-se o item “água”, automaticamente reduz-se o item “esgoto”;

     2.Energia Elétrica
     Substitua lâmpadas incandescentes por eletrônicas (e brevemente lâmpadas de LED); fiação antiga por fiação nova, com bitola melhor dimensionada; desligue lâmpadas e equipamentos inativos após encerrar as atividades. Se for viável, instale geradores ou cabines primárias (alta tensão), células foto-elétricas para luminárias em locais de pouco acesso. Estude, também, a viabilidade de utilizar energia eólica, solar, etc.
     Paralelamente, há ainda a opção de substituir refrigeradores, freezers e afins, com motores antigos por equipamentos novos e mais eficientes. Estenda essa providência àquele maquinário que “gasta mais do que produz” (ocioso). Ressalte-se que o investimento financeiro na troca desses equipamentos será rapidamente compensado na redução financeira da conta pela economia de kilowats;

     3.Combustíveis
     O custo-benefício deve ser fator de decisão ao se pensar em converter motores de veículos de um combustível para outro. Seja de gasolina para o gás, para o álcool ou até para o sistema elétrico, todos eles têm um custo-fixo de conversão. Em função da intensidade do uso, calcule o investimento & retorno, a viabilidade (melhora da performance, “vida útil” do mortor), e a consequente economia financeira.

     4.Telefonia
    Restrinja o uso de telefone para uso particular dos empregados. Se for o caso, “bloqueie” ligações interurbanas e para celulares em ramais de acesso ao público. Havendo intenso trânsito de clientes, e viabilidade, instale um telefone público (“orelhão”). Na comunicação interna, entre os vendedores, departamentos, filiais, etc, use “linha direta”, telefone via rádio, Internet em banda larga com comunicadores em tempo real, e-mails, MSN, Skype, etc.;

     5.Encargos Financeiros
     Se a empresa tem uma linha de empréstimo bancário e os encargos de juros estão tomando proporções alarmantes é hora de reavaliar os Contratos.
     Faça uma avaliação dos percentuais praticados no mercado bancário e renegocie as taxas. Qualquer décimo de ponto percentual reduzido pode representar economia expressiva.
     Ainda, se for o caso, troque de instituição financeira se isso representar redução de custos. Encurte ou alongue o prazo de amortização do empréstimo ou mude o perfil da dívida. A depender do câmbio, analise a possibilidade de captação de recursos no exterior.
     Desconto de duplicatas, cheques, antecipação de recebíveis de cartões de crédito, tenha em mente os custos que advêm dessa opção. De repente a captação de um capital de giro pode ser bem menos oneroso.
     O importante das suas providências é encontrar alternativas que desonerem os custos, não sufoque os investimentos e comprometa o menos possível a sustentabilidade;

     6.Transportes/Sistema de Entregas
     Estudar a viabilidade econômica de terceirizar o serviço de entrega em domicílio. A depender da representatividade desses custos, contrate empresas especializadas. Isso vai reduzir encargos de combustíveis, manutenção mecânica, impostos (IPVA, ISS, Pedágios, multas, etc), depreciação (encurtamento da vida útil do veículo), salários e encargos trabalhistas, seguros, etc. Acrescente-se aí o fato de a empresa, com essa opção, contar sempre com empregados treinados e uma frota de veículos renovada;

     7.Contenção de Desperdícios
     7.1-Reestude o quadro de funcionários e reduza a mão de obra ociosa. Se a empresa tiver vários turnos, estude se está havendo produção, nos turnos noturnos, compatíveis com os custos. Se for o caso, remaneje o pessoal e busque melhorar a escala produtiva;

     7.2-Conscientize a todos sobre a necessidade de economizar material administrativo (de expediente) ou de uso geral (material de limpeza, etc), combustível, embalagens, etc. Lembre-se que é na soma dos pequenos esforços que se obtêm grandes resultados;

     7.3-Seguros Gerais: reavalie os custos dessa cláusula. Busque novas Seguradoras, bancos, etc. A concorrência é acirrada entre elas. Há diferenças gritantes entre uma e outra e sua avaliação pode representar economia.

     8.Renegociação, redução de preços e alongamento dos prazos de pagamento das suas compras. Reveja as condições de compras de mercadorias, material de uso/consumo, bens do ativo-fixo, etc, com os seus fornecedores. Procure obter melhores condições de preço, descontos financeiros por volumes comprados, dilatação e parcelamento dos pagamentos, etc. Também, em grandes compras, reivindique promoções, brindes, bonificações, etc. Faça cotação dos itens, previamente. Se for viável, troque de fornecedor.

     9.Terceirização de Mão de Obra: Certas funções dentro da empresa podem ser mais produtivas e menos custosas se a mão de obra advir de cooperativas de trabalhadores ou de empresas especializadas. Nesse caso a economia pode ser representativa, aliada à boa qualidade do serviço prestado. É o caso típico da mão de obra na tecnologia da informação, no ramo das construções (pedreiros, pintores, etc), motoboys, equipes de limpeza, manutenção de veículos, segurança, vigilância, etc.
        
   10.Por fim, sempre é oportuno enfatizar que uma empresa com as vendas bem administradas, custos e despesas enxutas e boa margem operacional (rentabilidade) é, para cada real diminuído nos custos e nas despesas, um real adicionado ao lucro.

    Inácio Dantas

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